8 de novembro de 2010

Introdução ao 7º Passo para a Anestesia Segura: Planejando a Analgesia


A analgesia adequada pode aumentar a segurança do paciente cirúrgico? 

Quando entendemos que segurança é a mitigação de riscos relacionados à assistência ao paciente fica mais fácil responder a esta pergunta, pois estudos demonstram que a dor provoca alterações a níveis autonômico, comportamental, imunológico e hemostático, aumentando a possibilidade de complicações no período perioperatório e consequentemente impactando na segurança do paciente. A analgesia inadequada interfere na recuperação pós-operatória e consequentemente no tempo de internação e nos custos assistenciais. 

Estudos demonstram que a realização de analgesia peridural associada à anestesia geral pode reduzir em até 40% o risco de infecção pulmonar no período pós-operatório de cirurgias de grande porte. Dados disponíveis de pesquisas mais recentes sugerem que a anestesia regional e a adequada analgesia possuem impacto nos resultados cirúrgicos a longo prazo de pacientes oncológicos, pois ajudam a preservar as defesas naturais do organismo contra a progressão tumoral pela atenuação da resposta inflamatória e por reduzir a necessidade de analgésicos intra e pós-operatórios. 

O adequado tratamento da dor no pós-operatório não é apenas uma questão fisiopatológica, é também uma questão ética e econômica. Melhor controle da dor evita sofrimento desnecessário, proporciona maior satisfação do doente com o atendimento, melhora a relação médico-paciente e reduz os custos relacionados a possíveis complicações que determinam maiores períodos de internação, como, por exemplo, a infecção hospitalar. Com os estudos mais recentes temos verificado a sua importância no resultado para o paciente (saúde) a longo prazo, o que tem gerado o entendimento da necessidade de monitoramento de complicações com nexo causal com a analgesia/anestesia por um período maior. Se décadas atrás a anestesia terminava quando “o gás era desligado” ainda em sala operatória, com os estudos mais recentes, temos verificado que o seu impacto pode se estender até por anos/décadas. 

Nas próximas semanas vamos publicar um texto relacionado ao planejamento da analgesia pós-operatória e segurança do paciente, escrito pelo Dr. Maurício Nunes Nogueira, coordenador do Serviço de Terapia da Dor do Hospital Alemão Oswaldo Cruz/SMA. Vamos incluir também artigos considerados referência no assunto a nível internacional que abordam a importância do controle da dor para a minimização de complicações e também alguns riscos associados à utilização de “alta tecnologia” em analgesia, o PCA (Patient Controlled Analgesia). 

Boa leitura!
Dra. Fabiane Cardia Salman

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